Para compreendermos melhor
a relação entre o homem e o meio ambiente na atualidade é de suma importância
um olhar para o passado especialmente para a Europa à época do Iluminismo
(século XVIII), pois grande parte do mundo atual é uma herança desta cultura ocidental.
Fora neste período que se fortaleceu
a dicotomia Homem X Natureza, o fruto de uma ideologia que pregava a razão
acima da emoção, tornando a natureza apenas um objeto a ser utilizado pelo
homem. É através desta dicotomia que o homem deixa de se perceber como uma
parte integrante de um todo chamado meio ambiente. Assim, inicia-se um processo
de grande exploração da natureza em uma lógica, ou ilógica, de extração, produção e comercialização acima da
capacidade de reposição da mesma.
No bojo do capitalismo
estão as práticas predatórias na natureza que se intensificaram cada vez mais.
Durante a primeira fase do capitalismo (Comercial ou Mercantilista) alguns
recursos naturais funcionavam como moeda de troca, o que Marx chamou de
acumulação primitiva de capital. Na segunda fase do capitalismo (Industrial ou
Concorrencial) que se inicia através da revolução industrial, a ação predatória
do homem no meio se intensifica, pois, agora os recursos naturais deveriam ser
explorados para ser utilizados no processo produtivo ou pela forma de matéria
prima que iria ser transformada em uma mercadoria, ou ainda, pela utilidade
energética que advinha de alguns recursos energéticos como os combustíveis
fósseis. Ainda no capitalismo industrial, se inicia a queima de combustíveis
fósseis para serem utilizados como fontes de energia no processo produtivo e
pela sociedade urbano-industrial, desta forma, potencializa-se a ação antrópica
que irá provocar a poluição atmosférica e todos os danos por ela provocados. Já
na terceira e última fase do capitalismo (Financeiro ou Monopolista) a
exploração dos recursos naturais são potencializados, especialmente com a
criação da sociedade de consumo.
Durante esta fase o que tem se formado são grandes conglomerados e corporações
que se preocupam cada vez menos com o meio ambiente, ou ainda, quando há esta
preocupação nos locais onde ele iniciou sua produção (geralmente os países
desenvolvidos) elas mudam os processos produtivos para lugares onde não haverá
preocupações ou intromissões em seus devaneios.
Esse
abuso em relação aos recursos naturais tornou-se mais evidente no final dos
anos de 1960. Inicialmente, em maio de 1968, as manifestações e protestos na
Europa e nos EUA constituem um dos marcos principais do aparecimento de novas
formas de mobilização e de organização coletivas. Tais mobilizações representam
as principais mudanças teóricas e metodológicas que balizaram as investigações
sobre as mobilizações ambientalistas e as condições intelectuais e
institucionais de formação e de exercício das ciências sociais. Ainda em 1968
constituiu-se o Clube de Roma,
composto por cientistas, industriais e políticos que tinha como objetivo
discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso
crescente dos recursos naturais.
Outro
ponto de análise relevante ocorreu em 1969 com o pouso do homem na Lua,
especialmente com a foto da Terra vista da Lua. Esta imagem que percorreu
grande parte do mundo ocidental transpareceu a crise ambiental dando
continuidade a um processo de conscientização do homem em relação ao meio em
que ele vive, pois esta percepção da realidade ambiental evidenciava que a
Terra era um planeta finito e que não suportaria mais muitos anos de uma lógica
de crescimento econômico insustentável.
Nos anos 1960, com a
transparência da crise ambiental, iniciam-se as discussões no âmbito
universitário a respeito da questão ambiental. Entretanto, estes debates só
ganham corpo na sociedade a partir da década de 1970 e com a 1ª Conferência Mundial Sobre o Meio
Ambiente, realizada em Estocolmo em
1972 na Suécia. Foi durante esta década que também este tema ganha o
cenário político através da formação dos Partidos Verdes (P.V.), inicialmente
na Europa, e trazendo para as sociedades muito mais que discussões teóricas,
mas práticas que buscam o desenvolvimento econômico sustentável.
Já na década de 1990, com
o fim da Velha Ordem Mundial, o movimento ambientalista ganha ainda mais força
através da assimilação de novos adeptos, a esquerda. Estes, desiludidos com o
fim do socialismo, e vendo o movimento ambiental como uma possível alternativa
anticapitalista e antiglobalização somam forças aos tradicionais ambientalistas
e transforma o movimento ambiental, para algo mais extremista. Ainda nesta
década, ocorrem importantes reuniões como a Eco 92, no Rio de Janeiro, onde é construído um dos documentos mais
importantes de uma sociedade que começava realmente a se preocupar com o meio
ambiente, a Agenda XXI. Este documento
registra sobre vários aspectos quais seriam os compromissos que a humanidade
teria com o meio ambiente para o século XXI.
Entretanto, foi na Rio +10, em Johanesburgo, África do Sul, dez anos após a Eco 92 que ficou muito
claro para o mundo que dos compromissos assumidos, poucos foram realizados ou mitigados.
Grande parte dos princípios ficou muito mais no papel do que nas prática.
Em 2012 haverá na cidade
do Rio de Janeiro uma nova conferência mundial sobre o meio ambiente, a Rio
+20, dando continuidade as idéias que se iniciaram há vinte anos e culminaram
na construção da Agenda XXI. A temática central da conferência é “Crescer, Incluir,
Proteger”, ou seja, um objetivo tão grande quanto o tamanho desta conferência
global que reúne mais de 100 chefes de Governo e Estado além de mais de 30 mil
participantes. Fica a questão, desta reunião obteremos progressos, estagnação
ou ainda mais retrocessos?
Como se chama esta reunião mesmo? Rio +20, estranho mais me parece um retrocesso da Eco 92. Não poderíamos chamá-la de Rio -20? Acredito que este nome seria mais coerente para o resultado do evento.
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